Tradição continuada

Quem tem contato recente com o GNU/Linux já ouviu falar no Mandriva Linux, mas pode não ter ouvido falar no Conectiva Linux ou no Mandrake Linux.

O Mandrake Linux era uma distro desenvolvida pela empresa francesa MandrakeSoft, enquanto o Conectiva Linux era uma distro desenvolvida pela empresa brasileira Conectiva. Por volta de 2005, MandrakeSoft e Conectiva se fundiram, gerando a Mandriva S.A. e o Mandriva Linux, a distro herdeira da tradição de inovação das companhias agora unidas.

A Mandriva passou por problemas financeiros e isso se refletiu na qualidade da distro, gerando perda de mão de obra altamente qualificada para o fork Mageia Linux, uma das melhores distros com KDE que temos hoje.

Ainda que a distro Mandriva Linux leve a qualificação “ativa” no conhecido site Distrowatch.com, a verdade é que não se enxerga a possibilidade de uma versão 2013 com a qualidade das anteriores.

Mas, para os tradicionalistas, ou seja, para aqueles que acham que a tradição de um nome forte é capaz de reunir uma comunidade expressiva por trás dele, há uma boa notícia: o fork openMandriva, patrocinado por uma associação com esse mesmo nome, lançou no dia 18 deste mês, uma versão alfa do que será a futura distro de mesmo nome.

Talvez por força do fato de o Mandriva original andar meio parado, o alfa do openMandriva é baseado no Rosa Desktop, outro fork do Mandriva, desenvolvido pela companhia russa RosaLab.

Em suma, se você algum dia usou Mandriva Linux, ou se ainda usa mas quer se atualizar, há opções atuais (Rosa Desktop e Mageia Linux) e uma boa perspectiva de opção futura, representada pelo projeto openMandriva.

Novo SolusOS Eveline 1.3

Foi lançado em 23 último o SolusOS 1.3 Eveline.

Em tradução livre do anúncio de lançamento, destaco que a versão 1.3 é uma versão de manutenção, contendo cerca de 300 MB de updates posteriores à versão 1.2, disponível nas arquiteturas x86 (32 bits), x86 com PAE (para quem quer usar 32 bits, mas tem 4 GB de RAM ou mais) e amd64 (64 bits).

Resumindo, instalando o SolusOS 1.3 “hoje”, você terá um sistema totalmente atualizado, mas isso não significa que você não possa instalar o 1.2, 1.1 ou mesmo o 1.0 e atualizar qualquer um deles via aptitude, apt-get ou Synaptic. Ao contrário, caso seu SolusOS 1.x anteriormente instalado esteja atualizado, você já tem o SolusOS 1.3.

Sendo baseado no Debian Squeeze, o atual Debian 6.0.7 (a última versão estável lançada pelo maior projeto de software livre do mundo), o SolusOS é realmente confiável e tem a vantagem de trazer tudo aquilo que gostamos e precisamos (codecs, Adobe Flash, fontes etc.) já instalado, facilitando a vida de iniciantes e iniciados.

Já recomendei o SolusOS 1.x aqui e o faço novamente, sobretudo para aqueles que têm máquinas com alguns anos de uso e querem um SO com uma “cara” ao mesmo tempo moderna e “conhecida”.

A Microsoft e o “complexo de maçã”

Já é notório que a Microsoft pensa em adquirir o controle da Dell, uma das maiores fabricantes de computadores do mundo.

E uma das especulações sobre essa possível aquisição seria a intenção de produzir no “estilo Apple”, ou seja, vender um pacote completo de hardware e software, pois, ao menos em tese, tal forma de produção seria uma vantagem da hoje maior empresa de tecnologia do mundo.

Para produzir no estilo da maçã  bastaria à MS, que sempre foi uma companhia de software e serviços, encarecer seu software vendido em regime de OEM, “traindo” seus parceiros de longa data que produzem e vendem computadores. Não dá para imaginar a MS tirando o Windows do mercado de OEM, mas podemos imaginar uma vantagem concorrencial para a Dell nesse mercado, que poderia, ao menos num primeiro momento, isolá-la no topo da pirâmide.

Já imaginamos um novo monopólio, ou quase-monopólio da MS, incluindo soluções completas no estilo de Cupertino, agora vamos imaginar as consequências imediatas dessa virada de mercado.

A primeira delas seria um grande incremento na participação de outros sistemas operacionais no mercado de computadores novos, pois essa seria a aposta lógica de empresas como Lenovo, Acer e até mesmo a HP, caso a última não venha a sair do mercado.

Desses “outros sistemas operacionais”, a melhor opção seria o GNU/Linux, via distribuições consolidadas como Ubuntu, openSUSE e Fedora, todas com grandes companhias por trás.

Resumindo, caso a MS realmente se deixe levar pelo “complexo de maçã”, o GNU/Linux será o grande beneficiado.

A Microsoft está de olho na Dell

Li, há pouco, que a possível intenção da MS ao adquirir o controle da Dell, que já foi a maior fabricante mundial de computadores, seria produzir no “estilo Apple”, ou seja, vender um pacote completo de hardware e software, pois, ao menos em tese, tal forma de produção seria uma vantagem da hoje maior empresa de tecnologia do mundo.

A Apple sempre vendeu um pacote, ou seja, um computador para ligar e usar. Já a MS nunca vendeu um pacote, mas uma solução de uso para fabricantes do então pouco conhecido IBM-PC, que de IBM não tinha mais nada. Usando a solução da MS, são os diversos fabricantes, incluindo a própria Dell, que vendem um pacote.

A MS era e ainda é a antítese da Apple. A primeira produz um SO “aberto”, que qualquer fabricante pode utilizar; a segunda produz um SO  fechado, que só um fabricante (ela mesma) pode utilizar. E, por conta disso, a MS assumiu um monopólio “de fato”, baseado na produção infinitamente maior de IBM-PCs do que Apples, Macintoshs e iMacs.

O sucesso da Apple vem do ecossistema que ela criou, mas que também funciona, ao menos na parte vital (iTunes), no IBM-PC. E se não funcionasse também na plataforma rival, esse ecossistema, que hoje “dirige” alguns usuários para computadores da Apple (“comprei um iPhone, depois um iPad e agora vou comprar um iMac ou Powerbook”), não teria sido possível.

A própria Apple vem enfrentando queda nas vendas de computadores, que não são mais o ganha-pão daquela empresa. Hoje, ela fatura muito mais com iPhone, iPad e iTunes do que vendendo iMacs ou Powerbooks, e isso é uma consequência do fato de os usuários estarem preferindo os dispositivos móveis fora do ambiente corporativo.

E mesmo na mobilidade absoluta, onde a Apple foi e ainda é a pioneira, a concorrência está cada vez mais acirrada, fazendo a gigante de Cupertino perder mercado a cada dia.

Resumindo, só podemos especular quanto a verdadeira intenção da MS ao mirar a Dell, mas, qualquer que seja a intenção, o fato é que uma gigante do software estará no controle de uma gigante do hardware, e isso abre um mundo de possibilidades.